O fim do ano chega sempre carregado de expectativas para o futuro, mas também deveria ser um momento de olhar para trás. No entanto, em um mundo onde o ritmo acelerado é a norma, e as demandas diárias nos puxam em várias direções, parar para pensar profundamente sobre o que vivemos — e aprendemos — pode parecer um luxo a que poucos se permitem. Isso é um erro.
Há um conceito poderoso, originado na cultura japonesa, que nos ensina exatamente o oposto. Ele se chama “hansei”, que significa “reflexão” ou “autoavaliação”. Mais do que uma simples análise do passado, trata-se de um processo profundo e intencional, voltado a reconhecer sucessos e falhas, identificar aprendizados e usar essas lições para moldar o futuro.
Vivemos em tempos em que a velocidade é celebrada, e a ação imediata, glorificada. Parar para refletir pode parecer improdutivo, como se estivéssemos perdendo tempo. Contudo, não há como aprender — e muito menos evoluir — sem uma pausa para compreender o que fizemos, por que fizemos e quais foram os resultados.
Sem reflexão, corremos o risco de cair em ciclos repetitivos, perpetuando erros ou negligenciando oportunidades. No âmbito pessoal ou profissional, essa falta de introspecção muitas vezes resulta em decisões apressadas ou planos baseados em premissas não testadas.
“Hansei” nos convida a um momento de humildade, em que reconhecemos que não somos perfeitos, mas estamos em constante evolução. Ele nos incentiva a fazer três tipos de perguntas essenciais: (1) O que deu certo? Quais foram os sucessos de 2024? Por que eles aconteceram? (2) O que não deu certo? Quais foram os desafios ou fracassos? Como você contribuiu para cada um eles? (3) O que pode ser melhorado? Há algo que você poderia ter feito de maneira diferente? Como essas lições podem influenciar suas decisões e ações em 2025?
Ao refletir sobre essas questões, não se trata apenas de listar resultados, mas de mergulhar nas “causas” por trás deles. Esse talvez seja o cerne do aprendizado. Sob tal perspectiva, erros não são vistos como fracassos, mas como “matéria-prima” para melhorias. Eles nos forçam a confrontar a realidade com honestidade e a enxergar novas possibilidades. Essa prática tem sido um pilar fundamental em culturas organizacionais voltadas à excelência, mostrando que a chave para o sucesso não é evitar falhas, mas aprender profundamente com cada uma delas.
Pense, por exemplo, em como você lidou com os desafios ao longo do ano. Será que se concentrou apenas em “apagar incêndios” ou conseguiu criar soluções duradouras? Quais habilidades você desenvolveu? Quais relações fortaleceram sua jornada?
Encerrando este ano, faço um convite: dedique um momento, talvez hoje à noite ou no final de semana, para praticar seu “hansei”. Não precisa ser longo ou complexo, mas deve ser sincero. Pegue um caderno ou abra um documento e comece. Relembre momentos significativos, explore suas emoções e busque os aprendizados escondidos em cada experiência.
Não pare na análise superficial. Vá além. O que 2024 lhe ensinou sobre você mesmo, sobre os outros e sobre o mundo? Quais ações você pode tomar em 2025 para se aproximar da pessoa ou profissional que deseja ser?
A verdadeira evolução não começa com resoluções para o futuro, mas com a compreensão do que já vivemos. Esse processo de reflexão é um lembrete de que o aprendizado contínuo só é possível quando reconhecemos o valor de cada experiência. Portanto, antes de abrir a agenda de 2025, feche 2024 com propósito. Use este momento de reflexão para transformar o que passou em inspiração e orientação prática para o que está por vir.