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Boa gestão pode "acalmar" o conflito de gerações

Flávio Battaglia
Boa gestão pode "acalmar" o conflito de gerações
Uma pergunta que não cala na mente dos gestores: como estruturar a gestão para que gerações com trajetórias tão distintas trabalhem juntas, de maneira harmônica, com eficiência, produtividade e capacidade de inovar?

Conflitos entre gerações são uma marca da humanidade. É um fenômeno social recorrente. Acontece quando grupos com distintas idades – e, portanto, valores e comportamentos diferentes – entram em choque. Talvez tenha sido sempre assim. No entanto, provavelmente pelas recentes transformações socioeconômicas, pelas profundas mudanças nas tecnologias que nos cercam e onipresentes interações digitais, têm se acentuado, tornando-se mais evidentes. São um dos grandes desafios atuais para os gestores nas empresas.

De tempos em tempos, surge um novo termo para designar uma nova geração. Já foram criados diversos "rótulos" para designá-las: baby boomers (nascidos entre as décadas de 40 e 60), geração X (entre 60 e 80), millennials (marcados pela virada do século)... E a geração Z, os "nativos digitais”, nascidos entre 1997 e 2010. E todas essas gerações se misturam e convivem dentro das empresas.

Então, há uma pergunta que não cala na mente dos gestores: como estruturar a gestão para que gerações com trajetórias tão distintas trabalhem juntas, de maneira harmônica, com eficiência, produtividade e capacidade de inovar?

Não há respostas definitivas. No entanto, é possível estruturar bases "atemporais" da boa gestão que sempre serão relevantes, independentemente da trajetória geracional do indivíduo. Talvez seja um bom caminho.

Por exemplo, a ideia de que o objetivo maior do trabalho é criar valor para o cliente, final ou intermediário. Isso é universal. Não importa a geração, da qual você faz parte. Se conseguir olhar para seu trabalho de maneira crítica, buscando melhores maneiras de fazer as coisas, para, assim, entregar mais valor para seus clientes, então, você, a empresa e a sociedade ganham com isso.

Isso vale também para a capacidade de eliminar desperdícios e resolver problemas. Esqueça a geração. Todas ganharão se pensarmos que todo processo está “naturalmente” recheado de atividades e etapas que consomem recursos, demandam esforços, mas são irrelevantes para os clientes. Desperdícios precisam ser identificados e eliminados. Problemas precisam ser expostos e resolvidos. Não deveria haver “contraindicações” geracionais para tais práticas.

A lista não acaba aqui. Existem diversas outras possíveis “zonas de convergência” que podem ser exploradas e nutridas pelas organizações. Não dependem das gerações. Mas precisam ser entendidas e exercitadas por todos. Enfatizar somente as diferenças, colocando-as no centro do debate, pode aumentar ainda mais a distância entre as gerações e amplificar a força do choque. Talvez o papel da gestão seja atenuá-las.

Publicado em 06/06/2024

Autor

Flávio Battaglia
Presidente do Lean Institute Brasil